Família de Hermes Nascimento quer resgatar sua memória, seu legado e receber os direitos autorais sobre o Hino Oficial de Cabedelo.


E-mail recebido:

"Fábio Fernandes,

Estamos precisando de ajuda na divulgação sobre o Poeta Hermes Nascimento. Cabedelense nato, Hermes faleceu em 2001 deixando um legado cultural fantástico na cidade portuária paraibana. Autor do Hino Oficial da cidade, responsável pelo resgate da Nau Catarineta em 1952. Atuou na programação da Globo (Saramandaia e Sitio do Pica-pau Amarelo). Autor de vários cordéis. Livros, entre eles, "Nau Catarineta de Cabedelo 1910/1952" publicado com recursos do FIC após sua morte, em 2004. Mesmo assim, morreu no ostracismo onde se encontra até o momento. Sua família passa por sérias dificuldades, inclusive, nunca receberam os direitos autorais sobre o Hino oficial de Cabedelo de autoria de Hermes. 

Integro uma Comissão que pretende resgatar a memória e história de Hermes Nascimento e a dignidade de sua família. Leia a matéria e conheça o legado do Hermes Nascimento. 

Conto com sua ajuda e desse portal de notícia tão respeitado na Paraíba.

Att,

Gilson Mattos e Eros Nascimento."

___________________________________________________

Um documento firmado pelo autor do hino e a Prefeitura de Cabedelo garante a Hermes Nascimento, um repasse financeiro durante 60 anos (1993/2053). A prefeitura é devedora desde então.



A família de Hermes Nascimento, autor do Hino Oficial de Cabedelo, se prepara para ir a justiça cobrar os direitos autorais que, segundo seu filho caçula, mesmo existindo um termo de cessão onde prever uma contrapartida financeira ao autor, a mesma não é repassada desde 1993, quando foi firmado o ato que garante o repasse pelo uso do hino, de 1993 à 2053.

Nascido em 09/07/1927, na cidade de Cabedelo, Hermes Nascimento faleceu com 74 anos, em 13/10/2001, vítima de falência múltipla dos órgãos, provocada por complicações renais que lhe rendeu uma forte anemia. Grande incentivador da cultura popular, Hermes produziu e deixou uma excelente contribuição a cultura da cidade portuária paraibana. 

Foi o autor do Hino Oficial de Cabedelo, poeta, cordelista, folclorista, romancista e ator. Publicou vários cordéis, com destaque para: “Cacique Arinê sua vida e sua história”, “Meus Poemas na visita pastoral” e Abraão o vingador".

Em 1952, foi o responsável por resgatar a Nau Catarineta que estava parada desde 1941. Mesmo doente, ainda ajudou Tadeu Patrício em um novo resgate da barca no ano de 2000/2001, repassando seus conhecimentos e as melodias aos participantes
desta nova formação. “Mesmo com a saúde precária, dificultando até minhas caminhadas, eu não vou medir esforços para levar em frente o trabalho da Nau Catarineta, uma das manifestações mais ricas da nossa cultura popular.” Disse Hermes em entrevista a um jornal local naquele momento. 
Alem da Nau, o folclorista foi responsável pela fundação de grupos de ciranda e coco-de-roda em Cabedelo. Na ciranda pode ser classificado como um inovador.

“Pesquisei muito sobre a ciranda e criei uma nova coreografia, sem sair de sua origem”. Dizia ele. Hermes levou o folclore nordestino e a barca cabedelense para o Rio de Janeiro, onde morou durante 12 anos. Trabalhou como palhaço em um circo. Fez algumas participações em novelas e no Sitio do Pica-pau Amarelo na Rede Globo, onde também atuou.



De próprio punho, deixou registrados dois manuscritos. Um deles, “Nau Catarineta de Cabedelo 1910/1952” que, por iniciativa de Maria Ignez Novais Ayala, foi publicado com recursos do FIC em 2004. O outro é uma autobiografia denominada de “História de Vida” "Memória de um Folclorista e "Nau Catarineta, Manuscrito por ele 1954 a 1999 e que a
família busca apoios para publicá-la.


Mesmo com toda sua obra e contribuição as artes e a cultura do município de Cabedelo, Hermes morreu pobre e amargando um enorme ostracismo. Sua obra, sua história, seu legado e sua família, continuam esquecidos até o momento. Por iniciativa do filho caçula, Eros Nascimento, a família se move para resgatar a sua memória, sua historia, sua arte e seus direitos autorais, que mesmo garantidos no termo de cessão, nunca foi repassados a sua viúva e filhos.

A história do Hino Oficial de Cabedelo é a história da persistência do poeta que lotou de 1974 a 1992 pelo reconhecimento de sua mais cara criação: o símbolo sonoro oficial de Cabedelo. O hino foi criado atendendo a um pedido do então prefeito Francisco Xavier Borges de Sousa, que procurou um poeta da cidade para criar o hino oficial. Hermes produziu a letra “Ode à cidade de Cabedelo” que foi musicada pelo então diretor da Central de Música da Paraíba, Maestro Maurício M. Gurgel.

O primeiro projeto de lei criando oficialmente o hino foi encaminhado a Câmara pelo prefeito Francisco Xavier, mas, foi bombardeado pela oposição sistemática dos vereadores da época. O chefe do executivo chegou a gravar uma fita cassete onde o hino era cantado pelo coral da Igreja Batista, acompanhado por uma banda na sua primeira exibição pública, cerimônia de posse do prefeito Francisco Figueiredo de Lima. O projeto permaneceu engavetado na Câmara de 1974 à 1983.

Por iniciativa do Vereador Benedito Ribeiro (Benedito Vaca Brava), o assunto volta a ser discutido no final de 83. Uma nova propositora foi apresentada pelo edil tentando instituir o hino criado por Hermes Nascimento e, mas uma vez, o projeto ficou engavetado. O mesmo aconteceu com a iniciativa da então vereadora Raimunda Landeslau Dornelas que apresentara em 20/04/1985, um requerimento solicitando a instituição do hino oficial da cidade. 

Argemiro Souto Maior, presidente da casa, através da portaria 24/85 de 12/11/1985, resolve criar uma comissão espacial, composta pelos vereadores Devid Diniz, Alberto Magno e Edna Nascimento, para apresentarem parecer sobre a instituição do hino em tramitação naquela casa. O requerimento da vereadora não foi atendido e o assunto permaneceu adormecido até 1990.


Em 16/11/1990, um novo projeto foi lido em plenário. Desta vez, por iniciativa do vereador Manoel Ferreira da Silva que protocolou o PL 024/90, visando instituir o hino. O mesmo foi aprovado em única discussão no dia 28/04/1992.

O projeto deu origem a Lei 657/92, sancionada pelo prefeito Sebastião Plácido de Almeida e publicada no Diário Oficial do Estado em 28/05/1992. A letra do hino oficial de Cabedelo, de autoria do saudoso Hermes Nascimento foi registrada no Livro B-223 sob o número 68.589 em 29/03/1993, no Cartório Toscano de Brito.


Um “Termo de Cessão de Direitos Autorais” foi lavrado e assinado pelo então prefeito José Francisco Régis e o autor da obra, Hermes Nascimento, em 23 de abril de 1993. Pelo instrumento de cessão (publicado a baixo) Hermes se compromete em averbar sua obra em cartório e a ceder a prefeitura de Cabedelo, por tempo indeterminado, seus direitos sobre ela, mediante o pagamento de Cr$ 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros), em uma única vez, no máximo 10 dias após a assinatura do referido termo, bem como, remuneração por um período
de sessenta (60) anos, a contar de 23/04/1993 à 23/04/2053, como indenização pela utilização do hino criado por Hermes.


Segundo Hermes declarou em entrevista antes de falecer, Zé Régis ainda se comprometeu em lhe construir uma casa para abrigar sua família. “Até o momento não recebi nenhum tostão de meus direitos autorais, ficou só na palavra! 

Terminou o mandato e ele não me deu nem a casa que prometeu para me abrigar com meus familiares”. Cobrou Hermes se lembrando da promessa do prefeito, em entrevista antes de falecer.



O termo existe, a família está de posse do mesmo e vai procurar na justiça que a prefeitura cumpra com o que ficou acordado, inclusive, repassando a viúva e filhos, todo o atrasado. Hermes foi casado com Dona Lindalva do Nascimento com quem teve treze filhos, dez deles ainda estão vivos e morando na cidade. Ela conta que, no governo de Dr. Junior, foi contemplada com uma casinha, onde reside com dois filhos, nora e netos. Um dos filhos que com ela habita, está acometido de uma doença ainda não identificada e que está lhe tirando a visão e audição.


Vivendo de uma aposentadoria de um salário mínimo, dona Lindalva passa por necessidades. A casa que lhe foi doada é fruto de um programa habitacional da PMC e de tão pequena, não acomoda a contento, os parentes que moram com ela. Confidencia que às vezes sente-se envergonhada ao receber visitas ilustres. As fotos publicadas abaixo não deixam dúvidas de suas condições atuais e, não reflete a grandeza do grande criador, incentivador e divulgador da cultura local, que foi seu esposo, Hermes Nascimento.

A cidade portuária e até o Estado da Paraíba, tem o dever de resgatar a história, a memória e a obra de Hermes Nascimento, bem como, a dignidade e a auto-estima de sua família. Eros Nascimento em parceria com outro membro da família Gilson Mattos e, visando promover o resgate do legado deixado por seu
pai, criou um site na internet e procurou o Radialista e Jornalista Aguinaldo Silva para ajudá-los neste resgate. 
Um projeto de lei denominando de Rua Hermes Nascimento, uma artéria da cidade, vai ser encaminhado na Câmara pelo vereador Jonas Pequeno. Uma audiência com o secretário estadual de cultura, Chico Cezar, está sendo agendada por Aguinaldo Silva, visando sensibilizar o gestor cultural do Estado para ajudar no resgate e na publicação da autobiografia escrita por Hermes, de próprio punho e onde conta toda sua trajetória como ativista cultural. E, a justiça será procurada para restabelecer aquilo que ficou acordado no “Termo de Cessão de Direitos Autorais” firmado por Hermes e a Prefeitura de Cabedelo para uso do Hino Oficial, por ele composto.



“Chorei ao receber o e-mail de Eros Nascimento e Gilson Mattos, me pedindo ajuda para o resgate do legado de Hermes. Minha resposta foi imediata. Quero sim contribuir. Eu trabalhei seis anos no mandato popular do então deputado Ricardo Coutinho, onde tive o prazer de conhecer Chico Cezar. Sabedor de sua sensibilidade e de seu compromisso cultural, eu tenho a certeza de que contarei com ele, não só para ajudar a família, quem sabe, com um show beneficente de lançamento de seu novo trabalho na fortaleza, como também, no resgate a memória de Hermes Nascimento e na publicação de sua autobiografia”. Afirma Aguinaldo Silva.

Faço minhas as palavras de João Eduardo Cardoso Lourenço, quando prefaciou a autobiografia que nunca foi publicada, a pedido de Hermes.

Hermes é então um personagem interessantíssimo de sua própria obra, nesse nosso país desmemoriado, de cavalos criados a alfafa e mel, cujos tratadores passam fome, da exploração do trabalho e tantas outras mazelas aparentemente incuráveis, por mais que os anos passem”. Disse João Eduardo em seu prefácio. Sem comentários. 

 
Clique Aqui para acessar o site criado por Eros Nascimento e Gilson Mattos, respectivamente, filho e esposo da neta do poeta, folclorista, cordelista, ator e autor do Hino Oficial de Cabedelo. Você também pode contribuir! Não fique parado!!!

Texto: Aguinaldo Silva
Foto e documentação: Acervo familiar


Divulgação e apoio: Portal Cabedelo na WEB (Jornalista e Radialista Fábio Fernandes)

VEJA ABAIXO FOTOS, MATÉRIAS PUBLICADAS EM JORNAIS E OUTROS DOCUMENTOS DO ACERVO FAMILIAR DE HERMES NASCIMENTO:




 
Declaração da Câmara da tramitação do Projeto do Hino
Portaria de Argemiro S. Maior criando a Comissão
  
Projeto de Lei que criou o Hino
Letra do Hino anexada ao projeto 
Diário Oficial onde a Lei e o hino foram publicados
Letra oficial registrada em Cartório pelo autor
1ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor
2ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor
3ª pagina do termo assinado pelo prefeito e o autor
     
Artigo 1º do termo onde se ler a contrapartida devida a família
Capa de um dos cordéis de autoria de Hermes
Viuva de Hermes e o Filho deficiente visual
Casa doada a família na gestão de Dr. Júnior
Como vive hoje a família
Recortes de Jornais
 
Capa de um de seus cordéis



Sala de visitas de Dona Lindalva
Dormitório da viuva de Hermes hoje
A cozinha de Dona Lindalva
 
Eros Nascimento - Filho caçula de Hermes
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com muita dificuldades a família tenta ampliar a casinha
Dona Lindalva se emociona em entrevista a Aguinaldo Silva
Tivemos que parar a entrevista para conter sua emoção
Prefacio de João Eduardo Cardoso
Contra capa de seu livro publicado pelo FIC em 2004
Hermes Nascimento
Tadeu Patrício e Hermes Nascimento

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