Coluna do Dr. Edgley Porto - O impacto dos acidentes de trânsito na Paraíba com repercussão na face.
Os traumatismos estão entre as principais causas de morte e
morbidade no mundo, estima-se que cerca de 16.000 pessoas morrem a cada dia em
consequência de traumas, para cada pessoa que morre, milhares de pessoas lesionadas
sobrevivem, muitas com sequelas permanentes.
Dentre os diversos tipos de traumatismos que acometem o
corpo humano, o traumatismo de face é evidenciado pela literatura com peculiar
importância, uma vez que apresenta repercussões emocionais, funcionais e
possibilidade de causar deformidades permanentes, podendo interferir e até
mesmo afastar uma pessoa do convívio social, além de afetar a auto estima,
representando 7,4 a 8,7% dos atendimentos efetuados nas emergências.
Há três décadas, os estudos apontam
os acidentes de trânsito como a principal causa dos traumatismos faciais. Dados
do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), mostram que após a implantação
da Lei Seca em junho de 2008, aumentou o número de acidentes nos 61 mil
quilômetros de estradas federais que cortam o País, o total de feridos também
cresceu, passando de 31,5 mil para 32,254, diferença de 2,4%. O registro de
mortes, entretanto, recuou 6,2%, de 2.962 para 2.779.
Isso pode ser atribuído
à imprudência de muitos motoristas e à falta de respeito às leis de trânsito,
principalmente no que se refere ao uso de equipamentos de proteção como o cinto
de segurança, “air-bags” e ao consumo de drogas lícitas ou ilícitas.
Os acidentes de trânsito
envolvendo motocicletas têm se tornado cada vez mais comuns, principalmente por
aspectos como a praticidade no uso da motocicleta, o custo acessível à maioria
da população e a falta de fiscalização mais rigorosa. As injúrias à face e à cabeça
ocasionadas pelos acidentes de moto são causas comuns de morbidade severa e
mortalidade. Parece intuitivo que os capacetes mostram proteção contra os danos
às estruturas crânio faciais, mas tem sido argumentado pelos motociclistas que
o capacete diminui o raio de visão e aumenta as injúrias ao pescoço. Tais
argumentos vêm sendo rebatidos por estudos recentes em que se tem estimado que
o capacete reduz o risco de morte e de
injúrias à face e à cabeça em 42 a 68% dos casos.
Em um recente estudo com cerca de 3.500 pacientes com traumatismo
facial realizado por este autor nos dois hospitais especializados em trauma de
Campina Grande: Hospital Antônio Targino e Hospital de Emergência e Trauma Dom
Luiz Gonzaga Fernandes que obteve repercussão através de publicação
internacional, foi observado que a maior parte dos pacientes atendidos naqueles
hospitais com traumatismo de face está na faixa etária de 21 a 30 anos (26,9%). O sexo
masculino (74,4%) foi mais prevalente em relação ao feminino (25,6%).
Os acidentes de moto foram a principal causa dos
traumatismos faciais com 1.009 casos (28,8%). Dos traumatismos faciais
encontrados, o diagnóstico mais prevalente foi a contusão na face (traumatismo
sem ferimento ou fratura), perfazendo 1.182 casos (29,5%). As fraturas faciais
somaram 1.133 casos (28,1%). Destas, 1.077 foram fraturas em um único osso da
face (26,5%), 56 casos de fraturas em mais de um osso da face (1,5%). Os
traumatismos envolvendo apenas tecidos moles da face (ferimentos) corresponderam
a 29,1% (1.165 casos), já os traumas múltiplos (ferimentos e fraturas) concretizaram
98 diagnósticos (2,5%).
Os traumatismos faciais foram mais prevalentes nos finais de
semana (55,4%), com destaque para o domingo (52,1%). Durante a semana, o dia de
maior ocorrência foi a segunda feira (37,4%). O período noturno (das 18h01 a
00h) foi o de maior ocorrência dos traumatismos faciais, com 34,3% dos casos,
sendo o horário de maior pico das 18h01 às 19h (19%).
Foi observado que nos dias úteis (segunda a quinta feira) a
prevalência dos traumatismos se mantém, em geral, constante durante todas as
horas dos quatro turnos. Nos finais de semana, observamos um pico de ocorrência
durante os horários de 0h01 à 1h, 2h01 às 3h e 22h01 às 23h. No total,
constatou-se que há um declínio no atendimento nas primeiras horas do dia (0h01
às 6h) e um pico no início da noite (18h01 às 21h).
A população deve se conscientizar quanto aos prejuízos à
vida e a saúde em relação aos traumatismos provenientes principalmente de
acidentes de trânsito em nossa região.
Dr.
Edgley Porto
Cirurgião e
Traumatologista Buco-Maxilo-Facial
Membro do Colégio
Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial
Atua nas áreas: Cirurgia
e Trauma Buco-Maxilo-Facial - Dor Orofacial e Disfunção
Têmporo-Mandibular
- Implantes Dentais - Patologia Bucal - Laserterapia
Rua
Antônio Veríssimo de Souza, S/N – Centro - Montadas-PB.
Fones: (83) 8807-8508/ 9802-4938 Twitter:
@DrEdgley_Porto