Saúde - Especialistas e ativistas festejam progresso de pesquisa anti-HIV feita com macacos.



O resultado do estudo da Universidade de São Paulo (USP) feito em quatro macacos rhesus para testar uma vacina contra o HIV surpreendeu positivamente especialistas em pesquisa e tratamento da aids. Os animais receberam, no dia 5 de novembro do ano passado, a primeira dose da vacina desenvolvida por cientistas da USP. No decorrer da pesquisa, apresentaram resposta imune excelente, segundo os pesquisadores, de cinco a dez vezes melhor do que a encontrada em camundongos – geralmente, macacos têm resposta menor a essa modalidade de vacina do que roedores. Veja o que especialistas dizem sobre a pesquisa e quais são os próximos passos desse estudo.

Artur Kalichman, coordenador adjunto do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, médico e pesquisador: “Esse resultado é uma ótima notícia. Não resta dúvida de que a tecnologia usada neo estudo é interessante. Acredito que este seja um primeiro passo, mas um passo importante rumo à descoberta de uma vacina contra a aids. Espero que novos macacos sejam testados e o resultado seja positivo, assim poderemos testar em humanos também.

Esper Kallás, infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo: “Embora seja um estudo muito preliminar, os bons resultados permitem avançar com as pesquisas. Estou bem confiante com os avanços. O próximo passo é confirmar a segurança do produto.”

Jorge Beloqui, professor e pesquisador do Grupo de Incentivo à Vida (GIV): “Os estudos em animais são uma etapa prévia muito importante, mas temos de tomar cuidado com o otimismo. Há outras pesquisas que obtiveram resultados importantes em macacos, porém, em humanos, não. Caso esse estudo prévio siga para a fase 1, que aí sim é em humanos, o Ministério da Saúde precisa investir em vacinas. Há muito tempo, ele não se interessa por financiar esse tipo de pesquisa.”

José Araújo Lima, fundador e diretor do Espaço de Prevenção Humanizada (Epah): “Estou muito feliz com os bons resultados, mas há estudos que também foram bem-sucedidos em animais e, quando avançaram para a fase da pesquisa em humanos , não foram tão bons. Não podemos cair no bloco das ilusões. Mas vou ficar na torcida por bons resultados.”

Oseias Cerqueira, representante na América Latina da Global Youth Coalition on HIV/Aids: “Fiquei bastante entusiasmado, primeiro porque é um pesquisa realizada no Brasil. Isso mostra que há aqui estudos voltados para encontrar meios mais efetivos de prevenção e cura do HIV. Não existe caminho sem pesquisa, investimento e comprometimento.”

Nair Brito, educadora e integrante do Movimento das Cidadãs Posithivas: "É uma boa notícia, e muito bem-vinda. Este estudo se mostra bastante promissor. As pessoas que estão infectadas esperam a cura, e aquelas que não vivem com HIV,  querem se proteger, então todo estudo é válido."

Próximos passos da vacina

Após esse primeiro teste em macacos, iniciado em novembro do ano passado e considerado piloto pelos cientistas, outros 28 animais do Instituto Butantan receberão a vacina.

Desta vez, os pesquisadores dividirão os primatas em quatro grupos e aplicarão diferentes combinações da vacina para avaliar qual versão provocará as melhores respostas imunes.

A ideia é que, se os bons resultados se repetirem no novo grupo de macacos, os pesquisadores possam, em aproximadamente três anos, iniciar os testes da vacina em humanos.


Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)


Fonte: Agência Aids


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